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Postado em seg, 03/30/2020 - 17:41

Maria Hermínia é psicóloga e começou a trabalhar como voluntária do Departamento VCB em 2019, em Brasília, a pedido da Diretora da Seccional. Seu primeiro trabalho foi conduzindo uma palestra por ocasião da campanha Setembro Amarelo, no CISBRAN, para integrantes da Família Naval. Ao final da palestra, Hermínia e o médico psiquiatra convidado, que juntamente com ela conduziu a atividade, propuseram aos participantes a realização de uma roda de conversa com intuito terapêutico. Foi a partir daquele evento que surgiu a ideia de realizar as rodas de forma frequente, com encontros uma vez ao mês e diferentes temas.

Hoje, a Roda de Conversa é uma atividade do projeto IntegrAção em Brasília. Um dos objetivos do projeto, que é realizado em todo o Brasil por meio dos Departamento Regionais do Abrigo do Marinheiro (DRAMN), é justamente promover saúde por meio de atividades diversas, como a que agora é conduzida pela voluntária na capital federal. A primeira roda foi realizada em março e outras sete estão programadas para acontecer ao longo de 2020.

Confira o depoimento de Maria Hermínia sobre a sua experiência profissional, o trabalho que está desenvolvendo com as rodas de conversa e sua visão do voluntariado.

“Sou Psicóloga com pós-graduação em Terapia de Família e Casal com especialidade em Clínica. Atuo tanto em hospitais como em unidades particulares de atendimento. Iniciei minha formação em ciclo gravídico-puerperal, estudando sobre a formação de vínculo materno tendo, inclusive, uma pesquisa pela FIOCRUZ. Estudo continuamente questões que envolvem famílias e suas particularidades. Quando fui convidada para ser voluntária pela Diretora da Seccional Brasília, Natália, aceitei com muita honra.

Iniciei fazendo o que de melhor me proponho a fazer e com todo o cuidado que o trabalho me oferecia: cuidar de pessoas. Por ocasião do Setembro Amarelo, onde refletimos sobre as questões que envolvem o suicídio, ministrei uma palestra e contei com a participação inicial de um psiquiatra do Hospital Naval de Brasília, Dr. Ricardo, que elucidou assuntos clínicos pertinentes aos fatores psiquiátricos. Minha palestra abordou dados reais como estatísticas, incidências, pesquisas, índices, mas também o lado humano.

As pessoas não morrem de suicídio, morrem de depressão ou de seus transtornos associados. É muito importante tratar do assunto sem tabus ou melindres. A dor humana não pode ser negligenciada, precisa ser ouvida e ter voz para adentrar nas famílias, nos ambientes de trabalho, nas convivências sociais. O objetivo da roda de conversa que propusemos ao final da palestra foi abrir um espaço onde todos pudessem se expressar, mas sempre com um olhar de cuidado e, também, dentro de uma proposta muito delimitada a fim de não expor ninguém. As pessoas falam, querem e precisam falar. A palavra pode curar! Saber que pode ser escutada sem julgamentos, que pode se fazer entender, pode ser acolhida, que pode chorar ou sorrir e será entendida, contribui para o nosso enriquecimento pessoal. Ninguém sai de um grupo terapêutico sem ressignificar suas próprias questões, sem refletir sobre suas certezas e verdades absolutas.

Esse grupo, em particular, fez-nos olhar a importância e necessidade de abordarmos assuntos, por vezes, tão negligenciados e repletos de tabus, medos e incertezas, como depressão, violência doméstica, segredos familiares, morte, drogadição, educação dos filhos, velhice e tantos outros temas relevantes. E, assim, a Roda de Conversa começou a ganhar um objetivo bem delimitado: ouvir as demandas pertencentes à Família Naval com suas peculiaridades de vida, trazendo o acolhimento, o conforto do sentir-se pertencente e integrado, a possibilidade de alívio e, quando necessário, um encaminhamento bem específico para atendimento dentro da Marinha.

No início de março tivemos a nossa primeira roda já como uma atividade do projeto IntegrAção, cujo tema foi “Depressão”. Propus uma reflexão sobre o assunto, onde abordamos a definição, as diferenças entre os estados de tristeza e a depressão em si, a importância do papel familiar, tudo sempre com a participação ativa dos componentes do grupo.

Para mim, todo projeto de voluntariado vai além de qualquer atividade proposta. É um ato de doação, de desprendimento e total entrega. Não é para qualquer um, não pode ser feito por qualquer um ou de qualquer forma, pois precisa de comprometimento, responsabilidade, verdade e gratidão. Ao tocar uma vida humana, sua alma, ou seja lá qual for sua crença, sua essência, você precisa ser suave e gentil. Mas, garanto, que ao conseguir atingir essas histórias e corações você sairá muito mais enriquecido.

Sou voluntária a cuidar de pessoas, sou da Família Naval e sou voluntária VCB com muita honra e orgulho”.

Para se inscrever e saber as datas e temas das próximas Rodas de Conversa envie um e-mail para brasilia@vcb.org.br ou ligue para (61) 3429-1205.

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