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Uma série de eventos consecutivos tem proporcionado a garotada do Projeto Adolescer, promovido pelo Departamento Regional do Abrigo do Marinheiro, um contato com diferentes práticas profissionais. Por meio das “Oficinas de Interesse”, os participantes tem se expressado por meio de diversas artes, desenvolvido a autoestima, estimulado a socialização e fortalecido vínculos ente usuários e colaboradores do projeto.

A abertura do ciclo se deu no dia 5 de abril com a professora de dança Cássia Wood, formada em Dança e Fisioterapia, que colocou a garotada para balançar por meio de uma das principais artes cênicas desde a antiguidade: a dança. Sendo realizada nos dois turnos, a Oficina começou com os adolescentes tímidos, o que não durou nem o período de aquecimento feito pela professora. “A galera estava meio travada, mas foi tão legal que até os mais tímidos se divertiram”, conta Jonathan, de 14 anos.

Em toda atividade, os usuários passearam por ritmos como zumba, salsa, hip-hop e funk. “Em cada rostinho, enxerguei a esperança de um mundo melhor. Eles querem chegar a um lugar. No início, estavam tímidos, mas depois de uma motivação, se mostraram plenamente abertos ao aprendizado. É o que eles precisam: Gente motivada que os leve para frente. Isso vi aqui” declarou a professora Cássia ao final da experiência.

Cássia também contou aos adolescentes que sua mãe recebeu dos médicos o diagnóstico de que sua filha não poderia andar. Exatamente por isso, seus pais decidiram inscrevê-la no ballet. “Para quem não podia andar, viver da dança é mesmo um sonho realizado. Exatamente por isso, sonhos não podem ser abandonados. É preciso lutar e contar com a ajuda de pessoas que querem sonhar junto com a gente. Percebi isso aqui no Adolescer. Cada colaborador tem amor nos olhos para dividir com vocês. Aproveitem”, discursou a professora, arrancando aplausos dos presentes.

De acordo com a Gerente de Projetos Sociais do DRAMN-RJ, Kátia Cilene, experiências como essa vão continuar: “Com a proposta do nosso trabalho, queremos capacitá-los, trazer qualidade de vida e no geral, ajudarmos na formação de cidadãos do futuro. Não queremos um espaço para passar um tempo e ir embora. Queremos algo a mais”.

ESPORTE SOCIAL

E foi exatamente o que se viu. No dia 13 de abril, a esportista Aderlúcia Nascimento entrou em campo para incentivar a formação cidadã e profissional por meio de jogos esportivos. Chamou a atenção de usuários e colaboradores por intermédio da camiseta que estampava a frase “Eu jogo a favor do esporte social”. Em sua apresentação, a também Fisioterapeuta, explicou o significado da vestimenta: “O esporte não serve apenas para trabalhar o corpo ou formar atletas de alto rendimento. Antes de ser atleta, todos são cidadãos, que podem utilizar as atividades esportistas para construir relações, serem colaborativos, agregar valores e não apenas competir. Quer algo mais mobilizador que o esporte? Quando um menino chama alguém pra jogar, ele está motivando. No esporte, qualquer um pode ser o protagonista que contribui para o sucesso de seu time”.

Após jogos que iam de futebol de mãos dadas a dinâmicas de sustentação do peso do colega, Aderlúcia convidou os adolescentes a dizerem o que sentiram enquanto realizavam cada tarefa. “Tive medo de meu amigo me deixar cair” e “senti-me arrastado”, foram alguns dos depoimentos ouvidos. Atenta a cada colocação, a professora os fez perceber o quanto precisavam uns dos outros para a realização de cada tarefa, o quanto importava contribuir para o sucesso de seu time e o valor do oponente no jogo. “É vital vocês perceberem que sem adversário não tem jogo. O esporte não acontece. Você não precisa passar por cima de ninguém, mas respeitá-lo como alguém que está no mesmo jogo que você. Seres humanos não vivem isolados, precisamos conviver com as diferenças e jogarmos juntos”, motivou a profissional, que também participou de um projeto social em sua adolescência, no interior do Ceará.

E quem pensa que somente os meninos tenham curtido os jogos futebolísticos, se engana! As meninas também de letra. “Eles jogaram junto delas, respeitando diferenças, sem menosprezá-las. Todos são bastante atentos, foram muito disponíveis e executaram cada exercício da melhor forma possível”.

FORÇA TEATRAL

Por fim, o ciclo se encerrou trazendo ao palco, o Teatro. Recém contratado pelo gerência do Projeto, o ator, diretor e dramaturgo, Bruno Henríquez estimulou a garotada ao contato com as artes cênicas. Ao encontrar um grupo tão heterogêneo, o professor os deixou tranquilos para se expressar da maneira que eram, sem forçar nenhuma “barra”. “Quero trabalhar a favor das diferenças, não contra elas. Principalmente nesse momento que é delicado na vida de qualquer indivíduo que é a adolescência”, elucidou, Bruno.

Em conversa após a primeira oficina de teatro, o artista ainda explicou que o principal papel do trabalho por ele proposto é prepará-los para diversas situações da vida: “Minha proposta é incentivar o olhar investigativo e o pensamento crítico dos adolescentes, fazendo-os pensar sobre si e desconstruir preconceitos e resistências, sempre através do desenvolvimento da imaginação”.

O Adolescer é um projeto social do Abrigo do Marinheiro que oferece atividades esportivas, educacionais e socioculturais aos dependentes de Militares, Servidores Civis, ativos e inativos e Pensionistas da Marinha. O objetivo destas ações é estimular o desenvolvimento cultural e social no contra turno escolar. Realizadas por profissionais capacitados, as atividades ocorrem de segunda a sexta, nos turnos da manhã, de 08h às 11:30h e à tarde, de 13h às 16:30 nas instalações da Casa do Marinheiro - Penha, e na Área Recreativa e Esportiva de São Gonçalo com atividades gratuitas, que incluem alimentação e uniforme, o Projeto ainda oferece oficinas de Português, Inglês, Matemática, Informática e Esportes diversos.