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Criar filhos para o mundo. Você, certamente, já ouviu que esse é um dos maiores desafios dos pais ao longo da vida. Agora, ao olhar para trás, você consegue perceber que deu conta do recado, já que eles cresceram e conquistaram o próprio espaço. Mas, depois que fizeram as malas para seguir seus caminhos, a distância mostra suas garras: os contatos presenciais espaçam, as conversas por telefone rareiam e parece que um novo desafio surge – o de se aproximar dos filhos.

Apesar do orgulho de ter cumprido a missão, não dá para negar que o coração fica apertado quando você olha para a casa vazia e percebe que o silêncio parece incomodar. Foi assim com o engenheiro de transportes Jorge Issuel, 60 anos. Pai de três filhos, ele comemorou a bolsa de estudos nos Estados Unidos conquistada pelo caçula, mas sentiu o peso da ausência nos dias que seguiram.

“Minha esposa e eu parecíamos perdidos em nossa casa, que ficou grande sem a prole. A solução foi buscar maneiras de estar presente na vida dos filhos, sem parecer carente ou inconveniente”, recorda.

Eles se matricularam em um curso de idiomas, aprenderam a mexer em todos os programas de transmissão de vídeo simultânea para matar a saudade do caçula e passaram a buscar atividades interessantes com os outros dois filhos e netos. “Em uma das vezes, nos reunimos para ver fotografias da infância e da adolescência e contar aos nossos netos todas as aventuras dos seus pais”, conta Jorge.

Missão cumprida

Para o médico Fernando Bignardi, coordenador do Centro de Estudos do Envelhecimento da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), uma prole independente é o resultado de uma maternidade e paternidade bem-sucedidas. “Pode parecer difícil, mas é fundamental aproveitar esse tempo para retomar a vida pessoal e todas as atividades que ficaram pelo caminho, justamente porque o cuidado com os filhos se tornou prioridade”, explica.

 “A vida é feita de ciclos. Assim como no passado, esses pais também saíram de casa para escrever a própria história, agora chegou a vez dos filhos fazerem o mesmo”, analisa a psicóloga Mariele Rodrigues Correa, professora da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp (Universidade Estadual Paulista), em Assis.

 

(Re)conexão

Ter um tempo livre para pensar em você é uma das formas de se aproximar dos filhos e pode fazer com que a conexão fique ainda melhor. “Ao fomentar outras relações fora do ambiente familiar, você se torna uma pessoa mais sociável e muito mais interessante. Os filhos vão sentir isso e se orgulhar”, revela Mariele.

Ideias do que fazer não faltam. Quer ver?

Matricular-se em um curso de fotografia;

Ser voluntário em uma organização social;

Aprender um novo idioma pela internet;

Estudar sobre tecnologia;

Buscar um curso de desenho ou de lettering, técnica para escrever diferentes tipos de letras;

Fazer atividades físicas;

Garimpar exercícios para a mente;

Planejar uma viagem;

Organizar álbuns de fotografias;

Programar festas e encontros para reunir a família e os amigos.

Já dizia o poeta Mario Quintana, e ele tinha razão:

“O segredo é não correr atrás das borboletas.

É cuidar do jardim para que elas venham até você”.

 

Fonte: Instituto de Longevidade Mongeral Aegon