Um estudo da Universidade Virginia Commonwealth, nos Estados Unidos, realizado com pacientes com câncer indica que quase metade dos sobreviventes morre por outras condições de saúde que não a doença, mesmo diante da possibilidade de remissão.
Cientistas do departamento de Epidemiologia e Saúde Comunitária da Virginia Commonwealth University avaliaram 1.807 pessoas que sobreviveram ao câncer de pulmão, mama, próstata, colo de útero e colo retal, participantes de pesquisas nacionais sobre saúde e nutrição. "Percebemos que as taxas de mortalidade para alguns tipos de câncer, como o de mama, haviam diminuído", disse Yi Ning, um dos autores do estudo. "Sobreviventes do câncer vivem muito mais tempo do que viviam há várias décadas. Assim, com este grande grupo de sobreviventes do câncer, precisamos prestar mais atenção a saúde geral deles", completa.
Estes resultados indicam que os sobreviventes do câncer poderiam se beneficiar de uma abordagem de saúde mais abrangente e menos focada no câncer. Os pesquisadores acompanharam os pacientes por mais de 18 anos. Durante o período, 776 pacientes considerados "sobreviventes do câncer" morreram. Destes, 51% foi em decorrência de câncer e 49% por outros problemas de saúde. A doença cardiovascular foi a principal causa de mortes não oncológicas.
Os pesquisadores descobriram ainda que os pacientes que sobreviveram por mais tempo após o diagnóstico inicial do câncer, tenderam a morrer em decorrência de outra doença. Ao todo, 32,8 % morreram de outra condição dentro de cinco anos de diagnóstico comparado com 62,7% depois de 20 anos.
Com quase metade dos sobreviventes de câncer que morreram por outras causas, Ning, disse que os médicos e os pacientes devem melhorar os esforços para gerenciar esses riscos. "Após a detecção do câncer, os médicos e sobreviventes da doença dão menos atenção à prevenção e ao tratamento de outras doenças e complicações. Mas nós não devemos negligenciar outros aspectos da saúde, porque estamos focados em câncer e ignorar outras condições crônicas”.